"Desde pequena, fui fascinada pela pintura: pelas cores e texturas, pelos tons e pelos traços, suaves ou fortes. A arte sempre me encantou. O ateliê de um artista me parecia mágico. As personalidades por trás dos diferentes quadros me intrigavam. Nasci sob a quente luz dos trópicos, num país onde a natureza é um esplendor e onde se adora rir. Dele, me aproprio dos tons das cores vibrantes, da espontaneidade dos gestos, da força da luz e da expressão forte das emoções. Por ser casada com um francês, vivi muitos anos fora do meu país. Lá, pude estudar os trabalhos dos grandes mestres, mergulhar nas nuances, nas cores e nos desenhos. De lá, captei a mudança da luz de acordo com as estações, a expressão contida e, no entanto, firme das emoções. Comecei a pintar em um momento difícil da minha vida, no qual acabei por me tornar atriz e não mais apenas espectadora da arte. Encontrei na maleabilidade da pintura a óleo uma saída encantadora para as minhas inquietudes mais frequentes. Sentia-me à vontade com a pintura, sempre procurando por novidades e buscando formas de aperfeiçoamento. Como herança, recuperei, por sorte, um baú repleto de rendas de todos os tipos: de diversas cores, tons, nuances, formas e aspectos. Todas finamente tecidas. Todas muito diferentes umas das outras – únicas. Quis incorporá-las às telas, mesclando as cores às rendas, aproveitando a novidade do relevo para contar novas histórias. Todas essas sensações e emoções que transparecem nas minhas telas me mostram que tenho algo a dizer e que encontrei minha forma de fazê-lo. Por isso, confio na minha arte e espero que, cedo ou tarde, ela poderá tocar as pessoas e, quem sabe, emocioná-las como emociona a mim mesma."