
Corcovado
Mista
Esta obra integra a exposição
FASSP 2025 | Entre Mundos
Na obra Corcovado, parte da série TER-RITO-RIOS, André Weigand continua sua pesquisa sobre os conflitos gerados pela ocupação e apropriação de territórios, tanto no contexto físico quanto no simbólico. Utilizando materiais do ambiente da construção civil, a obra questiona o papel do mercado imobiliário e suas práticas de divisão, fragmentação e reconfiguração do espaço, com foco especial nas tensões que surgem da imensa discrepância entre os interesses do capital e as necessidades da sociedade. A peça se apresenta como uma construção fragmentada: os azulejos formam um contorno rígido que isola parcialmente uma fotografia central. A imagem, que mostra o dorso de um cavalo, remete a um território marginalizado e invisível, como uma paisagem que, embora presente, está sendo cercada, deslocada e fragmentada. A fotografia é encoberta por azulejos, como se fossem paredes que se constroem sobre algo vital e natural, criando uma distorção no espaço e no tempo. As barras de latão, que em contextos arquitetônicos são usadas para garantir a integridade das construções, aqui possuem um significado mais sutil, uma metáfora visual sobre os “elementos de transição” no espaço construído, que podem ser simbólicos da forma como lidamos com as fronteiras e as relações interpessoais. Assim como nas dilatações usadas na arquitetura para acomodar diferentes materiais sem romper a estrutura, as relações sociais e políticas também exigem cuidados e compromissos para evitar que a sociedade se desintegre ou se fragmente em parcelas antagônicas. A obra propõe que, sem essas transições cuidadosas, as barreiras entre as diferentes camadas sociais e territoriais se tornam cada vez mais rígidas e impenetráveis. O uso da barra de latão de forma inclinada, interferindo diretamente na fotografia e nas bordas da estrutura, sugere uma fratura ou ruptura na tentativa de acomodar ou integrar diferentes camadas e realidades. A apropriação de azulejos de demolição e restos do mercado da construção civil destaca uma memória urbana destes materiais, que têm uma forte ligação com a arquitetura e a história das cidades, simbolizando tanto a construção quanto a destruição dos espaços urbanos e, por extensão, das próprias comunidades. Eles evocam o processo de remanejamento e reconfiguração de bairros, de gentrificação e da transformação do espaço. Este trabalho é uma crítica ao desenvolvimento das cidades e às práticas de apropriação e transformação, onde o espaço natural e humano é redefinido pela lógica do lucro e do progresso desenfreado. As obras da série atuam como um comentário visual sobre as disputas territoriais, os conflitos de poder e as complexas relações entre o capital, o meio ambiente e as comunidades.
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Impressão sobre papel, azulejos Eliane 80′ e barras de latão sobre compensado.
Dimensões | 69 x 78 x 4 cm |
Preço | R$17.750,00 |