Vinicius Loschiavo

Eliane, Antonia e Vicência Não São Invisíveis

Esta obra busca a junção dos invisíveis – o suporte da arte e as pessoas representadas nele.

Quantos trabalhadores existem nas grandes cidades, e apesar de todo seu empenho não são enxergados?

Quantos veículos circulam nas grandes cidades, com diversos objetos embarcados para cumprir suas funcionalidades, e que ao final da sua vida útil são descartados e amontoados em depósitos?

Homens e mulheres que saem de suas casas ainda de madrugada, enfrentando todo tipo de obstáculo e um sistema opressor regado a preconceitos e falta de reconhecimento social e financeiro, e mesmo assim cumprem seus contratos de trabalho, não só para garantir seu sustento, mas também para serem reconhecidos pelo seus empregadores e pela sociedade como um todo.

Uma frota imensa de veículos de todo o tipo. Carros comuns com uma ou duas pessoas em seu interior. Coletivos que transportam a massa de trabalhadores apertados pelo seu interior pelos seus horários de trabalho. Grandes veículos de carga que abastecem uma metrópole inteira. Todos compostos de inúmeras peças, que juntas e encaixadas funcionam sob o calor e pressão de seus sistemas.

Ambos cumprem suas funções sociais e funcionais. Ambos correm o risco de não serem notados, descartados ao final daquilo que a sociedade considera útil.

A proposta é destaca-los dos seus universos sem visibilidade e juntos ganharem a luz das galerias e das paredes das salas, para serem apreciados pela transformação e ressignificação artística.

O improvável e nunca notado radiador de motores à combustão deixa de fazer parte do descarte para receber a imagem de Eliane, Antonia e Vicência, representando uma massa de trabalhadores brasileiros, que lutam por dignidade, direitos e visibilidade.

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Gravação em Radiador automotivo.