Adriana Conti Melo

Vejo algo, onde há uma presença ausente

“Na série ‘Vejo algo, onde há uma presença ausente’, investigo o espaço entre o visível e o que se esconde.
Pintadas com tinta acrílica sobre linho cru, as obras revelam escadas e casulos como vestígios — formas que emergem do vazio e sugerem passagens, abrigos, suspensões. É no que falta que algo pulsa.”

Na série Vejo algo, onde há uma presença ausente, formas como escadas e casulos emergem do vazio, evocando passagens e refúgios, como fragmentos de algo que já não está, mas ainda pulsa. A artista investiga o espaço liminar entre o visível e o oculto, entre o que se mostra e o que resiste à nomeação. A materialidade do linho cru tensiona o pictórico, sustentando a leveza e o silêncio das figuras, que parecem flutuar em suspensão.

Essa investigação se insere com sutileza e força na proposta da exposição Contraponto Cosmopolita II, que celebra os diálogos entre diferentes linguagens, suportes e camadas de percepção. A dualidade, ponto central da curadoria, encontra eco nessa obra: há uma constante tensão entre presença e ausência, material e imaterial, forma e sugestão. Em meio à pluralidade da mostra, essa pintura convida ao recolhimento e à escuta do que escapa ao olhar imediato — uma pausa sensível em um conjunto que instiga, acolhe e provoca.