Conheci o trabalho de Lucia Moreno muito recentemente; me foi apresentado um portfolio de pinturas com muita força pictórica, cheios de intensidade e muita, mas muita cor. Trabalhos abstratos, criando grandes áreas limítrofes em grandes telas, que ousaria chama-los de “naturezas vivas”. Na hora fiz uma relação com a aranha, na minha opinião, uma verdadeira arquiteta da natureza. Ela tece sua teia, criando um emaranhado de combinações e texturas, unindo pontos de sustentação que serão importantes para unir um fio ao outro, como a trama dos fios da tela de pintura. E quem não já parou para observar essas teias de aranha após um momento de chuva? As gotas que se acumulam nesse universo e criam uma transparência maravilhosa, surgindo derivações de cores, mutantes, dinâmicas, que não podem ser imitadas ou repetidas; isso é a natureza. Assim vejo o trabalho de Lucia Moreno; artista dona de uma linguagem própria de cores, coordenada, sistêmica, harmoniosa; mas sobretudo, cheia de vida! No meio de várias conversas que tivemos, pergunto-lhe de onde vem tanta inspiração, e a resposta é simples e imediata: “não existe inspiração, minha inspiração vem quando estou trabalhando!” Para essa artista, a pintura é uma experiência profunda, carnal, espiritual, quase divina. Pintando ela exercita todos os sentidos que a mantem viva, equilibrada, e a impulsiona a criar em cada tela uma verdadeira natureza viva. É um ato de fé! E eu respeito a criação organizada e divina! Waldick Jatobá