Passear pelas obras de Maramgoní é um pouco como andar na rua: dá para ouvir a voz da cidade, sentir sua presença, suas casas, seus prédios, sentir as pessoas, o dia a dia, suas árvores e todas as suas cores, seja nas telas ou nas poltronas e cadeiras pintadas à mão. Suas obras atingem um resultado plástico instigante, caracterizado por um fazer técnico que leva em conta princípios de arquitetura, como perspectiva e continuidade das linhas. Após passar por vários momentos, linguagens e estilos, encontra nas suas visões urbanas um assunto que pode desenvolver dentro de uma técnica balizada pelo conhecimento dos cânones do academicismo, como conceitos de luz, sombra e diálogo entre as cores, com a pesquisa autodidata desde o primeiro contato com a pintura. As cidades, sejam as antigas, atuais ou as composições urbanas nesse processo de construção e desconstrução de imagens, pouco a pouco se tornam um local universal. O que começa a ser ressaltado é a pincelada em si e a técnica. Gradualmente, a preocupação deixa de ser o que se pinta para ser como se pinta. Maramgoní oferece sua visão de arte por meio de uma obra que toma o universo citadino como ponto de partida. Cada nova imagem é um processo de consolidação de sua pintura no mundo e sua afirmação para estabelecer sua própria linguagem, lírica nos seus melhores momentos, abstrata no sentido de colocar questões, e urbana por ter nos edifícios e nas cidades o assunto que estimula a sua matriz criadora.