"Há muitas formas de contar a trajetória de uma artista, escolher o melhor ângulo da sua busca pela infinitude que dá continuidade ao conjunto de experiências, as provocações contínuas, os ambientes de vida e de trabalho. A sensibilidade que se revela em processos criativos, quase latentes ao corpo, mas sempre próximo da alma e do coração. A percepção evidenciada pelo olhar, a tela, o pincel, os traçados, a ponta fina. A incógnita da fotografia. Movido pela tenacidade de quem, artista, se faz grande diante da liberdade criativa e se aproxima com olhos brilhantes das imagens, dos edifícios em construções, das figuras femininas, motivos fascinantes para a composição ou integração de sua obra. Esta é Marilda Passos, na segurança do pulsar a vida. Ou, da vida que existe dentro dela a libertar-se diante da luz, das sombras envoltas nos silêncios possíveis de sua obra. Importante essa preocupação interativa beirando os limites poéticos do silêncio, enriquecidos pelos tons psicológicos existentes entre a composição e a extensão do infinito. Isso nos leva ao mistério da criação, do revelar-se, com autonomia, através de sua obra de significados múltiplos. Falo de sua pintura, desenho, gravura, fotografia, técnica mista. Estas conquistas foram feitas com perseverança, estudos, buscas, como o seu viver sem intransigências, com aberturas para o vivenciar da arte em seu mais pleno significado. As lembranças de um mar que é somente seu, as embarcações, as cidades e, com elas, trabalhar o abstracionismo em suas regras flutuantes, sempre com vestígios de realidade." Miguel Jorge (ABCA – AICA)